quinta-feira, 26 de julho de 2012

Cuidado com o site Healthdesigns.com

Depois de um bom tempo sem postar, volto para advertir a todos sobre o site Healthdesigns.com. 

Comprei um shaker "Spider Bottle" em abril deste ano e até agora (26/7/2012) nada me foi entregue. Já enviei vários e-mails reclamando e recebo apenas respostas automáticas. Essas respostas em resumo me dizem: foda-se.

É isso mesmo. Se a encomenda não chegou agora o problema é meu. Eles não querem nem saber.

Já comprei produtor em vários sites, brasileiros e internacionais, e nunca me aconteceu algo assim. A empresa simplesmente tá cagando e andando pros consumidores brasileiros pois sabe que é praticamente impossível fazer uma queixa contra eles.

Portanto, NÃO COMPREM NADA DO SITE Healthdesigns.com! É dinheiro jogado fora.

domingo, 20 de maio de 2012

Batendo ponto...

Pelo visto escrever um blog com freqüência é uma atividade que realmente não combina comigo. Hoje passei o fim de semana sem fazer absolutamente nada... andei de bicicleta, fui à academia... mas não fiz nada de significativo.

Falando em bicicleta preciso escrever um post sobre a experiência de ir ao trabalho pedalando. Estou fazendo isso há quase um mês. Deu certo! Preciso perder uns 5 quilos... bati nos 80 kg mas não dá pra mim. Prefiro estar um tanto mais esbelto.

Bom, por hoje vai ser só isso mesmo!

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Cabeça dura...

Sei que sou um cara bem teimoso, convicto em muitas coisas. Às vezes, porém, uma conversa despretensiosa faz a gente pensar e até mudar de opinião. Hoje estava conversando com minha colega de trabalho Paula F. M. sobre a bendita reportagem da Veja que humilha pessoas de baixa estatura. Paulinha é uma baixinha das boas... não chega a 1,50m. Teve muitos desafios pela vida.

Mas ela não é santa. É uma teimosa de primeira. Já brigamos inúmeras vezes, devo porém reconhecer-lhe tem uma qualidade (que sem querer me gabar também possuo): ela não é de se ofender com qualquer bobagem. Tenho muita dificuldade em conviver com pessoas melindrosas, que se ofendem por qualquer coisa, não agüentam críticas, puxões de orelha, brincadeiras sarcásticas ou gozações leves. Como cantaria Mísia aquele fado: "Mas por ter assim nascido, não me atinjam, não me toquem, meus amigos sou de vidro...". Gente de vidro não dá. Irritam-me demais.

Estavámos eu e Paula a discutir sobre o hormônio de crescimento prescrito a crianças com déficit hormonal ou dificuldades em atingir uma determinada altura-alvo para a idade e a herança genética familiar. Eu tinha uma opinião formada, mas ele me fez abrir os olhos para algo tão simples e que não me tinha ocorrido em nenhum momento.

Agora fiquei com a pulguinha atrás da orelha. Vou ter de refletir tudo de novo, rs... mas não é que há certo prazer nisso?

Curiosamente hoje o Rodrigo Constantino em seu blog - que procuro ler sempre que posso e está aí ao lado na coluna "Blogs que leio" - publicou um post (http://rodrigoconstantino.blogspot.com.br/2012/04/um-conflito-de-visoes.html) exatamente sobre debates, mentes abertas/fechadas a novas posições e ideias. Considero-me bem teimoso, mas acho que procuro sempre entender a visão do outro. Obviamente que aquelas posições que me provocam reações mais apaixonadas são difíceis de mudar.

Procuro sempre me lembrar de como mudei politicamente. Sempre me interessei por política, antes mesmo de me entender por gente. Nunca, mas nunca mesmo, vou me esquecer de estar subindo a Serra (para os não-paulistas: voltando do litoral para o planalto, ou seja, para a cidade de São Paulo), no banco de trás e ouvir no rádio que Jânio Quadros havia vencido a eleição para prefeito da capital. Meus pais fervorosamente apoiavam Fernando Henrique Cardoso, àquela época no PMDB, pois o PSDB nem havia sido fundado. Fernando Henrique era apoiado por parte da esquerda e pela gente da elite bem-pensante (abstração irônica sobre algo inexistente). Pra variar Eduardo Suplicy só fez atrapalhar.

Ao ouvir que Fernando Henrique havia perdido a eleição, eu - um arremedo de gente - chorei. Era 15 de novembro de 1985. Eu tinha quase sete anos e a política já me interessava. Depois disso tive uma paixonite pelo Quercia (vejam só!) e o "apoiei" na eleição para governador no ano seguinte. Até fiz meu pai colocar uma faixa enorme no portão de casa, tinha uns quatro metros de largura. Eu cheguei até a fazer boca de urna durante algumas eleições. Naquela época era permitido e a bagunça era geral.

Paulatinamente fui virando um filopetista... culpa do meu pai. Nunca fui um petista inteiro (da espécie dos petistas petralhensis), mas fui muito simpatizante. Em 1989 também foi inesquecível ter ido com meu pai ao comício de Lula (ainda não era nosso Estimado Líder Kim Jong Lula) nas eleições presidenciais daquele ano. Existia uma euforia no ar. Os petistas e simpatizantes se achavam portadores de uma verdade que os demais imbecis não tinham capacidade de enxergar. Eu já arrogantemente acreditava piamente nisso. Os demais eram todos idiotas. Somente havia uma caminho, pela esquerda é claro.

Segui direitinho a cartilha do perfeito idiota latino-americano. Cheguei até mesmo no terceiro ano colegial a colar na parede da sala um trecho do livro-manifesto-propaganda "As veias abertas da América Latina". Este é talvez um dos mais bem acabados exemplares daquele tipo de literatura engajada e panfletária de esquerda. Basicamente a culpa pela merda da América "Latrina" é dos outros, principalmente culpa "duzamericânu". Todo latino-americano é um coitado por excelência, explorado e vilipendiado por europeus primeiro e americanos depois. É a costumeira desresponsabilização tão cara à esquerda no mundo todo. A culpa é sempre de outrem ou de alguma entidade abstrata. O pobre é sempre um coitado e não tem culpa de nada.

Fui doente de petralhice aguda até ir morar na Espanha. Os momentos de ócio e solidão que lá vivi foram minha cura. Graças ao Senhor, aleluia, deixei de ser filopetista, petista, esquerdista e toda essa bosta. Outro fato que marcou essa virada ocorreu em 2005: eu estava em Brasília no dia do depoimento de Roberto Jefferson no Congresso. A essa altura eu já sacava que a Era da Inocência Petista havia chegado ao fim, pra mim e muitos outros.

Após o Mensalão só sobrariam os canalhas, os imbecis e os ingênuos. Os canalham comandam, os imbecis fazem guerrinha na internet disparando suas imbecilidades e os ingênuos votam sem saber onde estão se metendo, quase sempre por osmose. Sobre o mundo petralha (portmanteau de "petista" com "Irmãos Metralha", by Reinaldo Azevedo; também serviria petista com canalha) escreverei com certeza várias outras vezes.

A questão que queria registrar é que eu mudei muito politicamente e em outras tantas questões. Tento sempre me manter aberto a novas ideias e concepções, não é um exercício fácil. Quando me sinto teimoso demais digo a mim mesmo: "Já fui petista... que vergonha!".

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Poucos centímetros que definem toda uma vida.

Não tinha a intenção de abordar esse assunto logo no segundo post do meu blog. O tema sempre foi um dos meus interesses principais em razão da minha história de vida. Porém... a revista de maior circulação do país - Veja - traz em sua capa (edição 2 266) desta semana: "Do alto tudo é melhor". Então já sacaram o tema: altura.

Quem me conhece sabe que minha altura me incomoda desde que tenho uns 15 anos. Não sou "baixinho-inho". Estou bem na estatura média atual dos brasileiros: 1,74m. Não sei se o dado sobre a média é realmente confiável, mas se não for isso, é bem próximo.

Muitos baixinhos pra valer, com menos de 1,70m, poderiam achar um tanto fútil que um cara um tantinho mais alto reclame. Meu principal problema é que não fui uma criança pequena, em nenhuma fase da infância. Nasci com 56 centímetros! Cabe dizer que nasci com quase dez meses... meu parto foi bem complicadinho. Vim à luz em parada cardiorrespiratória, fui reanimado, e tudo depois seguiu às mil maravilhas.

Na minha escola era necessário fazer fila para ir às salas de aula. Todas as turmas ficavam no enorme pátio enfileiradas; uma coluna para os meninos, outra para as meninas. Os mais baixos na frente, os mais altos atrás. Sempre fui um dos último da fila. Éramos sempre mais de 20 garotos por turma e eu nunca ficava antes dos cinco últimos. Numa das séries eu era o penúltimo. Só havia um cara mais alto que eu na sala: Roberto K. Um japonês jogador de beisebol. Tornou-se um adulto alto. É o único japonês 100% que conheço que é alto.

Eu já tinha minha estatura atual antes de completar 13 anos. A sensação era que eu tinha mais pelo menos cinco anos de crescimento pela frente. Pobre iludido (rs...), achava que passaria dos 1,80m fácil. Ledo engano. Aí cheguei aí parei. Depois dos 13cm não cresci um puto milímetro. Lá pelos quinze anos o pequeno incômodo de ver os colegas crescendo a olhos vistos se tornou algo que não poderia mais ignorar. Outro fato que me incomodava era não passar meu pai em altura. É senso comum que o filho homem tem de se tornar mais alto que o pai. Não foi meu caso. Acabei fisicamente "puxando" meu avô materno. O carcamano tinha 1,64m segundo dizem, pois morreu em 1975. No fim tento me convencer que acabei no lucro!

Bom, chegando aos 15 anos pedi ao meu pai que me levasse ao endocrinologista. Lá fomos nós ao consultório do médico na rua Bahia, em Higienópolis. Não me lembro o nome dele, mas era judeu. Meu pai sempre deu preferência a médicos judeus, vai entender. Chegando lá, a surpresa. O médico era consideravelmente mais baixo que eu. Travei. Deixei então que meu pai tomasse coragem e dissesse ao médico que eu estava descontente com minha altura. O cara foi muito profissional e claro. Tratou-me como um adulto e achei isso legal. Prescreveu um exame de idade óssea e que só poderia saber se eu tinha potencial para crescer mais depois do resultado. Porém, já com minha história clínica (sem crescer nada em dois anos, dois dentes do siso já nascidos...) ficava fácil imaginar que o prognóstico não era dos melhores.

Feita a radiografia da mão, dias depois veio o resultado. Fomos eu, meu pai e minha mãe buscá-lo num laboratório de imagem na avenida Paulista. Resultado: idade óssea de 19 anos. Game over.

Voltei ao médico e ele confirmou que não havia nada a fazer e que eu deveria me confirmar com a altura que tinha. Avisou para tomar cuidado com remédios milagrosos e charlatães. Nada podia ser feito a não ser uma cirurgia maluca que te quebra os ossos das pernas e ficas um ano de molho sem mal poder se mexer. Só valia a pena em casos extremos, como o de garotos com menos de 1,55/1,60m. Depois me disse algumas obviedades que àquela altura eu já sacava. Fazia parte do script do médico. Ele mesmo por experiência pessoal sabia tudo aquilo de cor.

A partir de então o complexo com minha altura passou a fazer parte de quem eu sou. Dura até hoje. É um troço perverso, difícil de entender. A internet oferece muito material sobre o tema. Leio blogs, matérias jornalísticas e tenho até um livro sobre o tema: Size Matters (O tamanho importa) de Stephen S. Hall. O autor tem pouco mais de 1,65m.

Para minha surpresa recebo a Veja desta semana e vejo na capa um homem alto, de boa aparência, sorridente, confiante, elegantemente vestido. Um vencedor. Ao lado dele um baixinho obeso, de cara amarrada, invocado, vestido mal e porcamente. Um seboso. É mais um empurrão que a revista de maior circulação no Brasil dá ao preconceito de altura. É isso mesmo, pre-con-cei-to. Muitas pessoas quando me ouvem falar de preconceito contra pessoas de baixa estatura dão risada. Preconceito só existiria em relação a negros, mulheres, índios, homossexuais, obesos e um punhado de outros grupos. Preconceito contra baixinho é algo simplesmente ignorado no Brasil.

Nos Estados Unidos o preconceito de altura se chama heightism. Em português seria algo como "altismo", com L. Autismo é outra coisa. O altismo é um dos últimos preconceitos socialmente aceitos, primeiramente porque é solenemente ignorado. É lícito a qualquer um tirar sarro de alguém, quase sempre homem, em razão da sua estatura. Isso sem falar nos estereótipos que são vinculados ao homem de baixa estatura: invocado, complexado, nervoso, irritadiço. Qualquer coisa que faça o homem de baixa estatura sobressair rapidamente se torna fruto da compensação por ser baixinho. Ele teria "superado" aquela maligna condição.

Tudo isso sem falar nas preferências femininas quanto à estatura do homem. Isto dá um capítulo à parte. Voltando à reportagem de Veja. A matéria é de baixíssima qualidade. E posso falar isso como assinante e não um dos tantos desmiolados que criticam Veja só porque a linha editorial não lambe as botas do nosso Estimado Líder Kim Jong Lula.

A reportagem compila uma série de dados de pesquisas completamente inconclusivas e de maneira errática, misturando dados de pesquisas científicas sérias com surveys de origem duvidosa. Um dado é realmente inconteste: quanto mais baixo é o homem menos ele ganha (na média, é claro). Agora os outros são pura especulação, como afirmar que homens mais altos são mais saudáveis. A pesquisa aí é contaminada estatisticamente em razão da amostragem. Muitos dos homens mais baixos têm baixa estatura porque tiveram problemas nutricionais na infância, ou seja, não atingiram a altura-limite geneticamente programada. Nenhuma pesquisa comprovou que homens de baixa estatura que atingiram seu potencial genético são menos saudáveis do que homens altos sob as mesmas condições. Os sardos estão aí para comprovar: é difícil encontrar um velhinho sardo com mais de 1,70m e eles são notórios centenários.

A revista falha ao não contextualizar a questão e a perpetuar preconceitos, começando pela imagem da capa, que é simplesmente torpe e preconceituosa. Todos se indignam quando se diz que negros ou mulheres, na média, ganham menos que homens brancos. Lendo a reportagem de Veja parece algo aceitável, natural e até mesmo desejável que homens de baixa estatura ganhem menos.

A revista também mostra um feliz casal cujos dois filhos têm 1,92m e 1,96m de altura. Todos esfuziantes! O pai tem 1,78m e a mãe 1,72. A revista diz que são "oriundos de família mediana". Em que mundo uma mulher de 1,72m tem altura mediana? Nem mesmo na Holanda! A média feminina pra uma mulher de 60 anos não passa de 1,60m. Enfim, a revista dá eco à ideia que ter filhos altos é uma conquista, uma vitória.

Nada foi dito na reportagem sobre o preconceito que existe em detrimento de homens de baixa estatura. Apenas passaram a ideia que as agruras dos homens baixinhos são um dado da natureza. Nada há a fazer. Os perdedores na loteria genética que se danem. O mundo passa por cima deles. Posso até imaginar o dano emocional que uma reportagem como essa causa num adolescente de baixa estatura. Acho que se tivesse lido uma matéria assim quando tinha dezessete anos teria entrado em depressão imaginando o futuro negro que teria pela frente. Seria um infeliz, como concluiu a revista: "Quanto maior a altura de um homem, mais feliz ele é.".

É uma pena que Veja tenha perdido a oportunidade de fazer uma bela matéria sobre o tema. Poderia ter trazido tudo o que mostrou e mais uma análise aprofundada sobre o preconceito de altura, ouvindo também adolescentes e homens de baixa estatura. Preferiram fazer uma análise rasa, preconceituosa e até - ouso dizer - cruel, espezinhando a autoestima de pessoas de baixa estatura e reforçando a ideia de que é lícito discriminar homens pela sua altura, não havendo nada de errado em tal atitude.

Voltarei ao tema com certeza... fica aí publicada uma das minhas comezinhas preocupações.

Sempre haverá um início...

Ganhei meu primeiro computador pessoal aos treze anos. Hoje tenho 33. Lá se vão, portanto, vinte anos desde que entrei em contato direto com esta maquininha que hoje já faz parte da vida de mais de um bilhão de pessoas no mundo todo.

O ano que corria era 1992. Fui um dos primeiros garotos a ter um computador em casa mesmo vivendo num bairro de classe média de São Paulo e estudando num colégio freqüentado por alunos oriundos de famílias com bom poder aquisitivo (em alguns casos de ótimo poder aquisitivo). Claro que não fui o primeiro a ter. O primeiro PC que vi e toquei foi um Apple, não sei que modelo; tinha tela acinzentada com texto em verde brilhante. Pertencia ao pai de um grande amigo, estava na sexta série (hoje se não me engano é o sétimo ano do ensino fundamental). Esse meu amigo, Marcos T. C. M., era o protótipo do nerd, era um grande cara. Mas, estou fugindo do tema... num futuro post falo dele. Algum tempo depois foi meu vizinho Artur N. T. S. a ganhar um computador. Era um X-qualquer coisa... agora nem me lembro o nome. A gente se divertia jogando um gamezinho bizarro em que o King Kong tinha de jogar sei lá o quê do alto de um prédio... tinha de calcular ângulo, velocidade, vento... passávamos horas naquela joça... eu, Artur, Luciano R. F., André L. T. e eventualmente outros visitantes para desfrutar daquelas horas de "pura diversão".

Aquele primeiro computador que ganhei fora comprado pelo meu pai num tipo de consórcio e a um preço absurdo. Até 1990 o Brasil era fechado às importações e havia reserva de mercado na área da informática. Coisas do "capitalismo" tupiniquim. Nestes vinte anos o computador sem dúvida me foi um grande companheiro. Não fez parte da minha infância, mas fez parte da minha formação intelectual. Não tenho dúvidas que se não existisse o computador teria lido muito mais livros, mas também sei que muitos outros mundos não estariam ao meu alcance. É o tal conceito de mixed blessing.

Por um bom tempo meu computador foi aquela coisa estática. Ali parado não era mais do que uma máquina de escrever avançada enfeitada com algumas outras firulas. Eu era um garoto moderadamente curioso... fuçava aqui e ali, mas nunca fui um computer freak.

A primeira vez que aquele computador fez algo de realmente "revolucionário" eu já estava no colegial (à época já se chamava "segundo grau", mas ninguém dizia "estou no segundo grau". Há um bom tempo passou a se chamar "ensino médio). Foi pela amizade, não lá muito profunda, com Carlos André M., um mestiço de japonesa e italiano, que resolvemos um dia conectar via linha telefônica nossos dois computadores. Inicialmente foi complicadinho. Muitas chamadas telefônicas depois... voilà! Nossos computadores estavam conectados e podíamos nos comunicar via texto com o HyperTerminal, que era o aplicativo do Windows 3.11 que permitia aquela "revolução"!

Eu fiquei eletrizado com aquela sensação. Consigo lembrar muito bem o que senti. É difícil descrever. Explicar para alguém que já nasceu na era da internet é simplesmente impossível. Posso dizer que no mundo da tecnologia nada me impressionou tanto deste então. É algo que vou guardar até vestir o paletó de madeira.

O próximo passo seria assinar uma BBS. Quantos hoje sabem o que é isso? Pois é... bons tempos. Saudosismo é coisa de gente velha, rs. Havia uma meia-dúzia de BBSs operando em São Paulo. Isso porque era (e ainda é) a maior cidade do país! Mandic, STI e algumas outras. Insisti com meu pais e assinei a STI. Era divertido... baixar uma foto de mulher pelada com 20kb demorava muitos minutos... e era sempre uma surpresa! Afinal a única coisa que se sabia sobre o arquivo era seu nome e, às vezes, uma breve descrição do tipo "loira peituda". Nem sempre a surpresa era boa. Mas dava pra ser divertir... Era possível também conversar em salas de chat. Muita gente criou amizades sólidas já naquela época. Eu não. Essas amizades não me seduziam.

Se não me falha a memória, meu primeiro contato com a internet foi de ouvir dizer. Já sabia o que era internet, mas era uma ideia não muito clara pra mim. Nunca vou me esquecer o comentário da minha professora de Química, Roseli M., em que ela contava haver visitado a página do Vaticano! Ainda não conseguia entender o que era "visitar a página", ou melhor, "acessar o site". Esses dois neologismos ("acessar", que em português deveríamos usar "aceder", e "site") viriam a se tornar uma expressão de uso comum e sair incessantemente da boca de milhões de brasileiros poucos anos mais tarde.

Aquela abstração me instigou a querer de qualquer maneira entrar nessa história de internet. Minha BBS já oferecia o serviço integrado, BBS + internet, mas era um pouco caro. Meus pais nunca me mimaram com presentes. Sempre foram justos, mas não faziam todas as minhas vontades. Eu também era bem mais frugal do que sou hoje. Mas - não me lembro bem quando - finalmente consegui. Abriu-se então o mundo da internet no meu computador. Era um troço super lento... sempre precedido daquele barulhinho já histórico de som metalizado produzido pelo modem. Nessa época a internet tinha menos de 10 mil usuários no Brasil todo. Isso mesmo, 10 mil pessoas numa população de 160 milhões de habitantes.

Tempos depois, no dia do meu aniversário de dezoito anos, já nos últimos dias de 1996, fui pessoalmente (sozinho e de metrô) à sede da Folha de S. Paulo na rua Barão de Limeira. Lá comprei por R$ 15,00 ou R$ 20,00 (não me recordo bem mas não era pouco como hoje poderia parecer) um kit do Universo Online (UOL), provedor de internet lançado em abril daquele ano. Era um estojo com um folheto informativo e um disquete de 3,5 polegadas. Com ele se instalava o programa de acesso do UOL e o discador. A internet não era a mesma, já começava a ter a cara que tem hoje. Claro que quase todos os sites tinham aquele visual HTML básico. Ah... tempos de GeoCities, Lycos, Tripod... os sites pessoais eram todos feitos nestas plataformas. Era uma coisa bem tosca, vendo com olhos de hoje. Eu tive um. O site era hospedado primeiro no GeoCities e depois no Tripod. Hoje é um defunto em pó na internet. Partes dele ainda existem como citações em sites cuja atualização, se gente fosse, já estaria na adolescência.

Os blogs surgiram um bom tempo depois, popularizando-se por volta do ano 2000. Sendo sincero: nunca me atraíram. Claro que vez ou outra pensei em fazer um blog, mas achava que não tinha nada a dizer. Na verdade continuo pensando que não tenho nada de útil a acrescentar. Aí é que chego, vinte anos depois do meu primeiro PC, a este meu blog, que hoje inauguro.

Não sei se vai durar, se vou "postar" toda semana, todo dia, todo mês...sei lá. Tomei coragem e resolvi criar uma página na qual posso expressar minhas ideias e contar um pouco da minha vida, como fiz neste ensaio inaugural. O objetivo é também deixar algo para minha posteridade... geneticamente falando. Quem sabe um dia filhos meus, que ainda nem nasceram, netos, bisnetos, possam ter acesso ao que pensei e senti um dia. Pretendo retomar passagens da minha vida, exprimir ideias sobre a atualidade, sobre política e sobre qualquer outra coisa que me der na veneta.

Provalmente não terei leitores... talvez um ou outro desavisado acabe por aqui depois de me achar numa pesquisa do Google devido a alguma coincidência logarítmica. Tô nem aí. Mentira... sentir-se lido é uma boa sensação, mas não nutro esperanças. Se meus filhos tiverem paciência de ler alguma coisa já me darei por satisfeito. Bem, deixo minhas boas-vidas a mim mesmo!